O programa “Fantástico” da “Rede Globo de Televisão levou ao ar a série “Planeta ao Extremo”. O repórter Clayton Conservani e outros atletas enfrentaram tempestades de neve, ventos de até 200 km/h e temperaturas de -30ºC, com sensação de -60ºC. Entre os participantes, Clayton conheceu corredores com motivos especiais para estarem lá:
Uma jovem americana que sobreviveu ao Furacão Katrina que devastou a cidade de Nova Orleans equeria servir de exemplo para quem perdeu tudo no desastre.
Um maratonista canadense participa de corridas pelo mundo em busca de doações para combater a noma, doença que pode ser fatal em 80% dos casos.
Um americano decidiu participar da prova para homenagear o filho que morreu de overdose. Corredores do mundo inteiro vão em busca de seus limites.
Mas o que mais me chamou a atenção foi que em determinado momento da prova Clayton Conservani ficou isolado entre o grupo que liderava a prova e os retardatários. Nesse momento ele se filmava correndo e relatando suas sensações. Foi quando disse:
“Agora estou sozinho.
Sou somente eu e meus pensamentos.
Bons ou ruins”
assado alguns minutos ele dedica a corrida e o esforço além de seu limite a sua filha que sempre o apoio e entendeu suas ausências e diz:
““E por você que estou correndo. E se estou aqui vou fazer valer a pena”.
Poderia ter passado despercebido como um simples comportamento esportivo seguido de um momento de gratidão. Mas para mim, de alguma maneira, isso significou algo maior. Enfatizo sempre que tenho oportunidade a importância da prática esportiva e da educação pautada na família para a formação do caráter de um indivíduo.
Várias vezes durante uma competição de Bike, durante uma cicloviagem, ou mesmo durante aquele treino longo e/ou pesado não foram raras as vezes em que me vi completamente só, e nesse intervalo de tempo os pensamentos bombardeiam a cabeça conflitando nossos sonhos, crenças, objetivos e desejos com nossos medos, fraquezas e inseguranças.
Espere um momento!
Estamos falando de uma corrida ou da vida em geral.
Engraçado não é mesmo?
A essência do raciocínio é a mesma.
Quando nos vemos só, o que nos resta é o pensamento para nos fazer companhia. Com isso muitas pessoas não suportam praticar esporte por não tolerarem a solidão. No fundo evitam ficar frente a frente com aquilo que sempre evitam pensar. Humberto Gessinger em um clássico do Pop Rock Nacional canta: “Quantas vezes eu estive cara a cara com a pior metade, quantas vezes agente sobrevive na hora da verdade.”
O esporte propicia um treinamento mental que nos permite fazer com que nesses momentos de solidão todos os nossos pensamentos ruins sejam superados e os pensamentos bons sejam predominantes. Com isso acredito que pessoas que praticam esporte são mais equilibrados no dia-a-dia. São mais tolerantes a dor e ao sacrifício. Sabem exatamente o valor de se esforçar para alcançar um objetivo.
Atualmente muitas empresas valorizam e até estimulam que seus funcionários de altos cargos tenham alguma prática esportiva inserida no seu cotidiano.
A solidão do esporte somados as suas fraquezas e forças, permite que você se conheça melhor.
Lance Armstrong o atleta que venceu por sete vezes seguidas o Tour de France, certa vez disse: “A dor é passageira, desistir é para sempre”. Isso deixa evidente que até mesmo aqueles que julgamos fortes e imbatíveis, alguma vez na vida já pensaram em desistir. O que mais me chama atenção e pensar:
O que nos faz manter lutando, quando muitos já teriam desistido?
Na matéria do fantástico Clayton Conservani arremete seus pensamentos a sua filha e dedica sua vitória a ela. Com certeza sempre que lutamos por algo que acreditamos na vida, nosso maior objetivo é vencer, obter sucesso e poder servir de exemplo e orgulho para alguém. Ai entra a importância de uma educação pautada na família. No início nossos pensamentos são arremetidos a nossos pais para que futuramente sejam guiados pela nossa esposa e filhos.
Assim concluo que esses momentos não são tão solitários quanto temos com quem contar. Saber que existe alguém que acredita no seu potencial e que por mais que as pessoas o considerem louco por desejar algo fora comum, faz com que meninos se tornem gigantes. E se a vida é uma longa jornada, assim como a maratona no gelo, posso dizer de peito aberto: “estou aqui e vou fazer valer a pena”.
NOME: Carlos Menezes
CIDADE: Uberlândia/MG
PROFISSÃO: Fitter / Prof. Universitário / Colunista da Revista Bicicleta
CONTATO: falecom@carlosmenezes.com.br
ESCREVE SOBRE: Bicicleta e Cotidiano
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