Quando a Cláudia e Vanessa comentaram, numa matéria anterior, que gostariam de saber sobre gravidez sobre duas rodas, a primeira coisa que me ocorreu é que cada uma é cada uma, e que não sou profissional para saber o que cada grávida pode ou não fazer. Portanto, vou contar como tudo aconteceu comigo. |
Sobre bikes e barrigas [para Cláudia e Vanessa]
Quando a Cláudia e Vanessa comentaram, numa matéria anterior, que gostariam de saber sobre gravidez sobre duas rodas, a primeira coisa que me ocorreu é que cada uma é cada uma, e que não sou profissional para saber o que cada grávida pode ou não fazer. Portanto, vou contar como tudo aconteceu comigo.
A descoberta de uma gravidez, quando não planejada, é um susto (vamos deixar de eufemismos, porque, na verdade, é um trauma!). Pelo menos foi pra mim. Eu vivia dizendo que não queria ter filhos, que não tinha vocação pra ser mãe, etc. Mas descobri que meu corpo ou é surdo ou é rebelde, porque quando ele entendeu que estava pronto pra gerar um bebê, não me deixou escolha.
Eu havia entrado de férais há poucos dias e fui tomada de um sono incontrolável. Meu primeiro pensamento: estou com vermes! Passados uns dias, quando vi que meu relógio biológico não era mais o mesmo pois algumas coisas estavam “atrasadas”, disse ao Alberto: “Vamos fazer um rolé pesado de bike. Se tiver que vir, vem”. Não veio. Uma passada no laboratório e… positivo!
Nos três primeiros meses a gente não tem o menor pique pra nada. O que prova a inteligência do nosso corpo, porque é a fase mais delicada da gravidez. Não é bom que se pratiquem atividades físicas neste momento.
Vale lembrar que eu acredito que tive uma gravidez atípica. Não tive um único enjôo ou mal-estar. Com excessão das maldias azias, depois do sétimo mês (época em que minha barriga começou a aparecer). O divertido era qu meu marido dividiu tudo na gravidez comigo. Ele engordou junto comigo (e emagreceu depois do parto) e, cada vez que eu dizia que estava com azia ele respondia: “Ah! não!”. Porque em poucos minutos ele sentia o mesmo. As pernas também incharam. Mas, acho que isso foi um nada, perto do que vejo muitas mulheres passarem em sua gravidez.
A única atividade que realmente abandonei na gravidez foi a corrida. Apesar do meu histórico anterior de práticas esportivas, não me sentia à vontade quando pensava que a Annalu poderia estar sofrendo algum impacto se eu voltasse a correr. Mas da natação e do ciclismo, não abri mão. Mas as coisas não eram muito simples.
Procurei pelo médico que acompanhou toda minha vida esportiva e me orientei. Na prática de qualquer atividade aeróbica, eu não deveria ultrapassar os 130 batimentos por minuto. Na natação isso era fácil, mas no ciclismo… Era só começar uma subida, era só começar a bater um papo… que o coração disparava. E eu tinha que parar e esperar o frequencímetro parar de apitar.
Outra coisa chata, o xixi. Praticamente a cada 20 minutos eu tinha que parar e procurar um lugarzinho escondido na trilha. Pra mim, que treinava sistematicamente, foi muito difícil também treinar num ritmo mais lento: certa vez levei 6 horas pra fazer uma trilha de 60 Km. Mas, depois de um tempo, a gente acostuma e eu até parei de usar o Polar.
Mas aí a gente passa a valorizar outras coisas. Eu e o Alberto tínhamos mais tempo pra conversar durante os rolés, ele se desdobrava pra encontrar “banheiros” no caminho e quando chegávamos em casa, ele me punha na cama com as pernas pra cima. Tudo isso fez a gravidez ficar ainda mais gostosa.
Também acontecia de sairmos pra pedalar para cidades próximas e de lá voltarmos de ônibus, com as bikes no bagageiro.
De tudo isso, ficou a certeza:a prática de atividades físicas na gravidez é possível e até recomendável, mas temos que entender que não somos mais as mesmas de antes (e, sinceramente, acho que nunca mais seremos), e haverá limitações. No mais, é tudo uma festa.