Ibitipoca: O Retorno Inesquecível

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De todas as vezes que voltei pedalando de Ibiti, duas me marcaram: a que contei na semana passada e a seguinte. Depois que publique o depoimento da viagem na lista da internet, é óbvio que apareceram alguns malucos querendo fazer a mesma coisa. Muito se discutiu até o dia em que Wilton e Otsuka chegaram à  cidade. Wilton era de Juiz de Fora, mas naquela época vivia em Campinas. Era um astro-físico…

 

Aventuras e Desventuras em Ibitipoca

Estação Andorinhas: O Retorno Inesquecível

 … quando publiquei o depoimento da viagem na lista da internet, é óbvio que apareceram alguns malucos querendo fazer a mesma coisa… 

De todas as vezes que voltei pedalando de Ibiti, duas me marcaram: a que contei na semana passada e a seguinte. Depois que publique o depoimento da viagem na lista da internet, é óbvio que apareceram alguns malucos querendo fazer a mesma coisa. Muito se discutiu até o dia em que Wilton e Otsuka chegaram à  cidade. Wilton era de Juiz de Fora, mas naquela época vivia em Campinas. Era um astro-físico. Achei curioso sermos ambos da mesma cidade, apaixonados por ciclismo e só nos conhecermos pela Bike On List. Otsuka era do Rio e trabalhava com alguma coisa na área de informática.
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Como a família de Wilton ainda vivia aqui, ele veio pra cá alguns dias antes. Assim que me avisou de sua chegada tratei logo de chamar um amigo (Jefferson, companheiro de triatlhon e mtb) pra trilha mais bonita da cidade: a volta da represa da Remonta. Dias depois ele comentou comigo que quando me viu, fazendo uma subida sem cambiar a bike, na mesma relação que usava no plano, pensou: Ai, ai… vai me dar câimbra!!

Encontramos Otsuka na rodoviária, no sábado e seguimos pra Lima Duarte no ônibus das 6. De lá, subimos para a Estação Andorinhas num ritmo tranqüilo e eles puderam aproveitar uma parcela dos visuais maravilhosos com os quais nós, ciclistas mineiros, fomos premiados. Na pousada, Ricardo já nos aguardava com sua simpatia de excelente anfitrião. Como lá não se servem refeições, fomos de carona com outros hóspedes para almoçarmos na Taberna da Eleusa, a 6 km, e aproveitamos a tarde nas cachoeiras e no cânion que corta a propriedade.

À noite só havíamos nós na Estação. Depois de muito discutir se iríamos ou não de bike até a Eleuza, achamos melhor tentar uma carona, pra pouparmos a musculatura para o dia seguinte. Na estrada, depois de muitas dedadas no ar, eu me senti ridícula quando utilizamos o velho truque para pegar carona: os dois se esconderam no meio do mato e eu fingi estar sozinha. A primeira caminhonete que passou, parou. E não foi sem surpresa que o motorista viu os dois saindo do mato e entrando comigo na caçamba. Ainda mais porque o Otsuka tinha um farol desses de colocar no selim, piscando, pendurado na b… ermuda!

Na manhã seguinte, partimos às 8 da manhã, com expectativa de chegar a Juiz de Fora em torno das 16 horas. Tudo teria dado certo se o Otsuka, na primeira parada, não tivesse feito graça e pedido uma pinga. Isso mesmo, uma pinga! No meio do role o cara tomou uma pinga. Resultado: o percurso que poderia ter sido feito em 8 horas, foi feito em 16.

Entre outras as coisas, eu e Wilton tivemos que voltar um grande trecho de asfalto porque, por mais que esperássemos, Otsuka não aparecia. Depois, num trecho em que eu sabia que era muuiiittoo íngreme (se o ritmo for forte, no final dá ter ânsia de vômito), eu avisei pra darmos um tempo antes de subir. Você esperou? Porque ele não. Subiu direto. O Wilton, como bom mineiro, ficou comigo. Quando subimos, Otsuka estava sentado no chão, no meio do caminho, tomando um gel. E depois disse que havia parado porque os óculos haviam caído!!!

Como a proposta era chegarmos por volta das 16 horas, não levamos nada de iluminação. A noite caiu e estávamos num trecho de estrada de chão. De repente, Wilton começou a gritar: “Pedala! Pedala!” E o som de sua voz se misturava ao latido forte de um cachorro. Segundo ele, dava pra sentir o bafo do bicho no pé dele. Pouco depois, começou a chover. Por volta de umas dez da noite, subíamos o “Vagão-Escola”, uma estrada de “pé-de-moleque” de mais ou menos 6 km. Do nada, surge um cavalo assustado, descendo a estrada correndo e escorregando nas pedras. Ao final dela, finalmente, a BR-040. Foi quando Otsuka teve a mais inconveniente de todas as suas idéias: a de dormirmos os três num motel e irmos pra casa no dia seguinte.

Depois de levar uma “lavada” minha e do Wilton, ele desistiu e seguimos em frente até o centro da cidade. Como ele havia perdido o ônibus – afinal, calculamos que chegaríamos à tarde em casa – Otsuka teve que dormir na minha casa. Era mais ou menos meia-noite quando chegamos lá.

Deu pra entender por que esse meu retorno pra casa foi inesquecível???

 

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